AS RAÍZES E DIVISÕES DA DIREITA ISRAELENSE: UMA ANÁLISE

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Por Michel Weinschenker

RESUMO:

O presente ensaio argumentativo pretende examinar o espectro político da direita no cenário israelense, apresentando suas características, objetivos, raízes históricas, divisões, ideologias, pensamentos, partidos e atuações, focando nos três principais grupos: os sionistas revisionistas representados pelo partidos políticos Likud, de Benjamin Netanyahu, e o Yisrael Beiteinu; os judeus ultraortodoxos, representados pelos partidos United Torah Judaism e o Shas; e os judeus nacional-religiosos, presentes no atual Yamina. O ensaio tem a intenção de levar o leitor a uma melhor compreensão do conceito e dos embates que ocorrem nessa configuração da política do Estado Judeu, que desperta atenção mundialmente tanto por sua política interna quanto externa.
Palavras-chave: Política Nacional; Direita política; Israel.

INTRODUÇÃO
As eleições israelenses de abril de 2019 representaram a consolidação da hegemonia da direita no contexto político do país. A coalizão liderada pelo premiê Benjamin Netanyahu (que já é o político a ocupar o cargo de primeiro-ministro pelo período mais longo da História de Israel, sentando-se à cadeira desde 2009, além de outro mandato de três anos de 1996 a 1999) alcançou o mínimo necessário de 61 cadeiras no Parlamento. Dessas, 35 cadeiras são do Likud (partido de Netanyahu), oito do Shas (ultraortodoxos sefarditas), oito do UTJ (ultraortodoxos ashkenazis), cinco dos nacional-religiosos e cinco do Yisrael Beiteinu (“Israel Nossa Casa”), partido de Avigdor Lieberman de caráter sionista revisionista, secularista e nacionalista. Eles venceram o centro liderado pelo partido Azul e Branco, de Benny Gantz, ao passo que o Avodá (Partido Trabalhista), tradicional representante da esquerda israelense, obteve apenas seis cadeiras, somadas às quatro do progressista Meretz.

No entanto, algumas semanas depois do resultado das eleições, o eleitorado foi surpreendido com a notícia de que Lieberman deixara a coalizão, levando à perda da maioria necessária para a formação de um governo e, consequentemente, fez-se necessária a realização de uma nova eleição. Os motivos que levaram Lieberman e seu partido a abandonarem a coalizão relacionavam-se à sua recusa em atender às demandas dos demais partidos de sua coalizão e do público religioso-ortodoxo.

Nota-se, portanto, uma profunda divisão ideológica na direita israelense, de forma a impedir até mesmo a simples formação de uma coalizão para governo. Para se entender esse evento, é necessário compreender antes as raízes dessas divergências políticas e ideológicas das diferentes correntes que compõem a ala direita da política de Israel. É mister, portanto, para se entender o atual cenário da direita de Israel, recorrer ao seu conceito, história, objetivos e divisões.