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OS JUDEUS DA EUROPA CENTRAL E O ILUMINISMO

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Por Henrique Heller

RESUMO: Esse artigo visa estudar as dinâmicas do antissemitismo na Europa durante e depois do Iluminismo. Dessa forma, serão analisadas as mudanças sociais e os processos de integração da comunidade judaica no continente europeu. O trabalho estudará ainda as alterações no caráter do antissemitismo de acordo com os direitos de igualdade política adquiridos pelos judeus.

Palavras- chave: antissemitismo; Europa; Iluminismo. 

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INTRODUÇÃO

O século XVII foi muito importante no tocante a importantes mudanças em relação à comunidade judaica ashkenazita da Europa. O rabino Yom Tov Lipmann Heller foi um ator que trouxe importantes mudanças ao pensamento judaico dominante da época. Heller era contrário à tentativa de canonizar o comentário de Rashi no Talmud, por exemplo, pois o colocava em uma posição de autoridade questionável.  Nesse caso, está presente um pensamento aberto à argumentação, ainda pouco comum (DAVIS, 2016). 

À época, os judeus, de maneira geral, não estudavam assuntos seculares, somente assuntos relacionados à religião,  tendo seu foco principal no Talmud. A Torá, por exemplo, sem traduções, na época, não era estudada em profundidade por qualquer judeu. Esse estudo era reservado aos grandes rabinos (FEINER, 2011). Cabe acrescentar, que esse era um momento no qual a comunidade judaica, de modo geral, dependia de maneira expressiva dos Rabinos.

Pode-se afirmar que havia um monopólio do conhecimento na mão dos grandes rabinos, pois  ferramentas usadas para determinar algo como correto ou errado estavam reservadas a eles. Isso era visto por todos como algo normal. Deve-se lembrar da situação na qual os judeus viviam na região. Eles tinham mínimo acesso a uma educação secular e não possuíam um profundo conhecimento da língua alemã, por falta de ensino do idioma – muitas vezes por restrições do governo. A base educacional, portanto, não era forte de nenhum dos lados. Na época, o acesso dos judeus às universidades era tão dificultado que de 1678 até 1730, somente 25 judeus estudaram em universidades da Prússia. Com tantas restrições no acesso ao estudo, obstáculos por conta da condição na qual não eram cidadãos, o que restava aos judeus da época era o comércio e o empréstimo de dinheiro.  Em suma, ao que se relaciona ao conhecimento intelectual, eles tornavam-se, de fato, dependentes dos rabinos, pois suas duas fontes de conhecimento eram precárias.

Destaca-se, no entanto, que à época já existia o que é chamado de “Political Jew”. Conforme o autor Joseph Davis expõe, tal expressão refere-se àquele judeu que consegue manipular a lei judaica para seus propósitos, mas ainda assim se sente bem com as leis e burocracia no Estado em que vive. Sem dúvidas, não era maioria na comunidade judaica (DAVIS, 2016).

Nesse sentido, o presente artigo visa estudar o antissemitismo e  transformações sociais ocorridas na sociedade judaica na Europa durante  e após o período iluminista. Serão estudadas as relações entre o povo judeu e a sociedade europeia durante esse período, bem como as modificações que ocorreram como ela ao longo do tempo. Por meio de um estudo histórico, visa-se compreender os avanços dessa comunidade no continente europeu, assim como as consequências que tais avanços representaram na questão do antissemitismo. 

*Estudante de Direito na  FGV-SP