No final da Primeira Guerra Mundial, grandes áreas do que hoje conhecemos como Oriente
Médio, eram administradas pelo enfraquecido Império Otomano. O governo islâmico turco, que
se estendia do Norte da África ao Sudeste da Europa fora estabelecido no fim do século XIII e já
mostrava sinais de enfraquecimento quando ingressou no conflito ao lado da Tríplice Entente.
Prevendo a iminente desintegração do “homem doente da Europa”, como era conhecido o
Império, os britânicos e os franceses se adiantaram na partilha de seus territórios no Oriente
Médio. Assim, em 16 de maio de 1916, negociações secretas entre a delegação britânica
liderada pelo diplomata Sir Mark Sykes e sua homônima, chefiada pelo diplomata François
Georges-Picot, dividiram formalmente as terras árabes orientais em zonas de influência de seus
respectivos países. Desse modo, coube à França a administração do que hoje conhecemos
como Líbano e Síria. A Grã-Bretanha, por sua vez, ficou com o controle de partes do Egito, Iraque,
Jordânia e Palestina. O Acordo de Sykes-Picot, como passou a ser conhecido, influenciou de
modo direto na formação dos Estados nacionais hoje existentes nessa região do mundo,
inclusive algumas disputas territoriais que ainda permanecem.
Os acordos de Abraão são uma declaração conjunta da normalização das relações entre Israel, Emirados Árabes e Bahrein, mediada pelos Estados Unidos. O acordo assinado em 13 de agosto de 2020, simboliza a primeira normalização das relações entre Israel e um país árabe no século XXI, o último acordo celebrado ocorreu em 1994, com o acordo Israel-Jordânia. O nome foi dedicado ao patriarca comum entre as duas religiões predominantes nesses países; o Judaísmo e o Islamismo; Abraão. Os acordos foram assinados no dia 15 de setembro de 2020, pelo primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, o ministro das relações exteriores do Bahrein, Abdullatif bin Rashid Al Zayani, e o ministro das relações exteriores dos Emirados Árabes Unidos, Abdullah bin Zayed Al Nahyan, na Casa Branca, Washington, EUA. Os acordos foram negociados pelos Estados Unidos, por Jared Kushner e Avi Berkowitz, sendo que, o ex-secretário de estado, Mike Pompeo, credita o sucesso dos acordos à Conferência de Varsóvia, ocorrida em 2019. Tal conferência ocorreu no contexto da instabilidade política gerada pelo programa nuclear iraniano, gerando incertezas nos países da região no que concerne à estabilidade e a paz. A principal consequência dos acordos é um isolamento político do Irã, decorrente de uma postura mais beligerante do país, colocando ex-aliados históricos na mesa de negociação com Israel, a fim de que o Irã seja contido em suas ambições de criar armas de destruição em massa, decorrentes de seu programa nuclear.
A Convenção Sobre Armas Químicas ou CWC (Chemical Weapons Convention), oficialmente, "Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção, Armazenagem e Uso de Armas Químicas e sua Destruição" é um tratado de controle de armas organizado pela Organização pela Proibição de Armas Químicas, assinado em 13 de janeiro de 1993. Tal tratado foi assinado por 165 países e tornou-se efetivo em 29 de abril de 1997. Como o próprio nome extenso diz, o tratado proíbe a produção de armas químicas, e cria três classes de substâncias controladas, como químicos que podem ser usados como armas ou como matéria-prima para a produção de armas. Na primeira categoria estão as substâncias que são usadas primariamente para uso bélico, como gás mostarda e agentes nervosos. Na segunda categoria estão substâncias que têm pequeno uso como arma, como o Tiodietanol que pode ser usado como solvente para tintas de canetas esferográficas. E na terceira categoria estão substâncias que têm largo uso como substâncias comuns, como o Fosgênio, que é usado na fabricação de agrotóxicos e corantes.
Hezbollah, hizbullah ou hizballah, literalmente "Partido de Allah" é uma organização
terrorista xiita (de acordo com a União Europeia). Fundado em 1982, após a Guerra do
Líbano, foi inspirado no modelo iraniano de organização xiita, criado pelo Aiatolá Khomeini.
O grupo se caracteriza por seus ataques suicidas realizados em diversas ocasiões nos anos
1980, anos 1990, como o ataque da AMIA em Buenos Aires no ano de 1994, como em
2005, com o assassinato do premiê libanês Rafic Harir, em 2012 com a tentativa de ataque
no Chipre e o ataque suicida ocorrido num ônibus com passageiros israelenses no
aeroporto de Sofia, na Bulgária, entre outros incidentes. Seu principal objetivo é promover a
Revolução Islâmica no mundo, e para isso, inclui a eliminação do Estado de Israel como um
alvo, além do combate ao imperialismo americano. Com a aproximação da organização da
política libanesa, um dos objetivos é a implantação de uma república libanesa baseada na
Sharia, a lei islâmica. O Hezbollah é apoiado pela Síria, pelo Irã, pelo Iraque (contra o
Estado Islâmico) e pela Coreia do Norte. Seus principais oponentes (e que o consideram
como organização terrorista) são Israel, a Turquia, a União Europeia, os Estados Unidos e a
Liga Árabe.
O JCPOA (acrônimo traduzido como Plano de Ação Conjunta Global) é o nome de um acordo
internacional anunciado em 14 de julho de 2015 entre Alemanha, China, Estados Unidos, França,
Irã, Reino Unido, Rússia e União Europeia. Também é conhecido pelo nome Acordo Nuclear do
Irã. Esse acordo surge na tentativa das grandes potências em mitigar a ambição bélica implícita
no programa nuclear iraniano, assim, limitando o nível de enriquecimento do urânio. Caso o país
cumprisse sua parte do acordo, os países envolvidos retirariam suas sanções econômicas em
vigor. Para garantir que o Irã estivesse enriquecendo urânio somente nos níveis permitidos pelo
acordo, o país deveria manter-se aberto à visitas de inspetores da AIEA (Agência Internacional
de Energia Atômica).O acordo foi duramente criticado por Israel, que é um dos alvos da política militar iraniana, por não ter sido consultado durante sua criação. E não somente, o premiê Benjamin Netanyahu
chegou a fazer uma série de apresentações explicando e mostrando a existência de outras
usinas nucleares iranianas que poderiam estar existindo para fins bélicos. Na presidência Trump
(2017-2020), os EUA se retiram do acordo, por alinhamento à visão israelense sobre o acordo (e
também por tal retirada ter sido incluída nas promessas eleitorais de Donald Trump). No
Governo Biden, é anunciada a volta dos americanos ao acordo.
Após a morte de Maomé, se criaram 3 principais correntes do islamismo os quais são sunitas, xiitas e os carijitas, sendo que os sunitas são a maior parte de forma disparada chegando a 80% da população. Nessa divisão é interpretado o Alcorão de forma literal. O Jihad (Estado Islâmico), é uma organização que manifesta de forma mais extrema os ideais que predominam na corrente sunita do islamismo. Esse grupo acredita que a luta pela fé muçulmana mundial é literal, acreditando na purificação da humanidade enquanto a erradicação dos indivíduos e sociedades que não professam essa fé. Essa ramificação teve origem no período que sucedeu a queda de Saddam Hussein, antigo ditador do Iraque. Hussein ascendeu formalmente ao poder no Iraque em 1979 como primeiro-ministro, embora já mantivesse forte influência na política do país durante anos. No poder, sustentou uma política de repressão acirrada em relação a diversos movimentos políticos, étnicos, culturais e principalmente religiosos, especificamente de xiitas e curdos. Mantendo-se no governo por quase 30 anos, inclusive no decorrer do conflito Irã-Iraque (1980-1988) e da Primeira Guerra do Golfo (1990-1991). Apesar do prestígio que ganhou frente aos religiosos mais ferrenhos, que o admiravam por sua oposição aos Estados Unidos e investidas contra Israel, a história não perdoou sua brutalidade, e ele foi condenado pelos seus crimes. Ocorreu o julgamento e ele foi submetido à execução por enforcamento, realizada em 30 de dezembro de 2006. (continua)
Abu Musab al Zarqawi, inspirado em Hussein, foi o fundador do grupo militante Tawhid wal-Jihad, grupo que surgiu como uma parte da al-Qaeda e que lutava contra o exército americano durante a invasão ao Iraque em 2003. O grupo rompeu oficialmente com a rede em 2004.
O Estado Islâmico teve vários nomes ao longo do tempo, sendo os mais conhecidos: ISI, ISIS, ISIL, SIC e DAESH. E cada uma conta um pedaço da história conforme o grupo foi crescendo.
ISI significa em inglês Islamic State of Irak (Estado Islâmico do Iraque), na época era um sub grupo da Al-Qaeda. Entretanto, mais tarde com a morte do seu líder, Abu Musab al Zarqawi, em 2006, ergue-se com identidade própria. Foi o primeiro nome adotado pelos jihadistas. Após a passagem do poder para distintos líderes, as demandas dos jihadistas passaram a ser comandadas pelo iraquiano Abu Bakr al-Baghdadi, um religioso misterioso reconhecido por muitos como "o xeque invisível". No final de 2009, o comandante do exército no Iraque declarou que a organização "tem se transformado significativamente nos dois anos anteriores. O que antes era dominado por indivíduos estrangeiros tornou-se cada vez mais dominado por cidadãos iraquianos".
(continua)
Em abril de 2010, houve uma investida em conjunto EUA-Iraque perto de Tikrit. Em uma conferência de imprensa em junho de 2010, os EUA informaram que 80% dos 42 principais líderes da organização tinham sido mortos ou capturados, com apenas oito restantes em geral. ISIS significa Islamic State of Irak and Syria (Estado Islâmico do Iraque e da Síria) e esta foi uma das siglas mais utilizadas pelos líderes americanos por conta do ataque 11 de setembro, na caçada por Osama Bin’Laden no Iraque e seu 1º contato com o grupo já reconhecido. O motivo para a variação do nome foi o avanço territorial jihadista. Em 2013 a organização invadiu a Síria introduzindo controle em uma grande parte do seu território. Para fixar esse fato na história, o nome foi modificado. O ISIS lançou uma ofensiva em Mosul (grande metrópole) e Tikrit (cidade rica de cultura antiga) em junho de 2014. SIC significa State of the Islamic Caliphate (Estado do Califado Islâmico). Em 2014, Abu Bakr al-Baghdadi, líder do Estado Islâmico, anunciou o começo de um novo califado, com o objetivo não só de unir o Iraque e Síria num estado único, como criar um estado muçulmano universal sob a lei da Sharia. Assim, e para refletir as suas intenções, o nome foi alterado novamente. (continua)
Mossul é uma das maiores cidades do Iraque. Ter a autoridade da cidade foi uma das vitórias mais consideráveis da organização. Quando a facção conquistou Mossul, o grupo dominou o controle de mais de 2,5 milhões de pessoas. Soma-se a isto o fato de Mossul ser uma cidade comercial relevante e próxima das fronteiras da Síria e da Turquia. A metrópole esteve sob o domínio do Estado Islâmico que a ocupou em junho de 2014 e a declarou sua capital em solo iraquiano. Em meados de outubro de 2016, o governo iraquiano com ajuda internacional e dos curdos, avançou de forma militar para retomar o controle de Mossul. A cidade foi reconquistada pelas forças iraquianas em 10 de julho de 2017. Depois que a facção saiu da cidade, restava apenas um milhão de pessoas. ISIL significa Islamic State of Irak and Levant (Estado Islâmico do Iraque e do Levante). A nova sigla surgiu devido às motivações jihadistas de expandirem sua atuação em toda a região do Levante no Oriente Médio.ISIL em 2012 promove sua campanha “Breaking the Walls” realizando 24 atentados e oito fugas de prisões, libertando parceiros jihadistas que participaram de ataques em 2006 e 2007. Um arranjo liderado pelos EUA iniciou ataques aéreos contra o ISIS no Iraque em 7 de agosto de 2014 e amplificou a campanha para a Síria no mês seguinte. Em 2015, os Estados Unidos efetuaram mais de 8.000 ataques aéreos no Iraque e na Síria. (continua)
O ISIS sofreu perdas significativas na extensa fronteira da Síria com a Turquia e, no final de 2015, as forças iraquianas fizeram avanços para recuperar Ramadi (cidade iraquiana). Mesmo com este cenário de perdas no Iraque, na Síria, o ISIS obteve ganhos em Aleppo e conservou sua influência em Raqqa e outras localidades. Daesh vem da expressão árabe para fazer referência ao Estado Islâmico do Iraque e do Levante, al-Dawla al-Islamiya fil ’Iraq wal-Sham onde pode ser abreviada para Da’ish, Daish ou Daesh. Este nome é o mais comum no mundo árabe, apesar dos árabes utilizarem apenas ‘al-Dawla’, termo que significa Estado. No mundo árabe, onde o costume de siglas não é atípico, "Daesh" é amplamente usada, mas com um tom pejorativo. Então o termo ganhou força com a irritação óbvia do grupo. Agora, ele é altamente usado pelos políticos e pela mídia. "Francamente, este culto perverso à morte não é uma representação verdadeira do Islã, nem é um Estado", disse o ex-primeiro-ministro britânico David Cameron ao Parlamento, em dezembro de 2015. (continua)
Nos últimos anos, o Estado Islâmico deu cabo de diversos ataques em países da Europa, Ásia e da África fragilizando ainda mais sua imagem e sendo foco de missões de combate das grandes potências, bem como observado pela ONU. Perdeu também dois dos seus mais importantes entrepostos na Síria: as cidades de Deir al-Zour e Raqqa. Raqqa, considerada a "sede principal" do "califado", foi retomada por uma força tarefa internacional liderada principalmente pelos sírios e americanos. O correspondente da BBC Paul Adams, aponta que apesar destas perdas, o grupo ainda oferece riscos, com seguidores espalhados em outros países do Oriente Médio e do mundo. Atualmente, avalia-se que o Estado Islâmico tenha perdido cerca de 14% do espaço que controlava ao final de 2015. Os países estão retomando o poder aos poucos. Além disso, há a atuação estrangeira na luta contra a organização, como a aliança liderada pelos EUA, que, desde 2014, praticou mais de 11 mil ataques aéreos contra o grupo no Iraque e mais de 9 mil ataques aéreos na Síria. (continua)
O desgaste do Estado Islâmico também afetou as suas formas de financiamento. Acredita-se que o grupo tenha sofrido uma grande perda financeira em relação a 2014 e 2015. Apesar da fragilização, ainda acredita-se que o orçamento do grupo ainda está acima de dois bilhões de dólares, adquiridos, principalmente, a partir do comércio de petróleo negociado de forma ilegal. Concluindo, o Estado Islâmico é uma organização terrorista com ideiais fundamentalistas que apesar de estar em um momento delicado de sua história ainda se configura enquanto uma preocupação para a ordem internacional.